terça-feira, 30 de dezembro de 2008

So long, Freddie


Quando abri, há pouco, as páginas da web que costumo visitar (jazzseen, blog do Grijó e outras) li mais um necrológio. Mais uma estrela une-se à constelação que formou-se no céu durante esse ano de 2008. Morreu Hubbard, trompetista de poucos pecados, se é que foram.


Ouço agora um disco (na verdade são dois) gravados no clube San Francisco's Keystone Korner. Afirma o encarte que o boteco é próximo a uma infame esquina da Broadway e Columbus e que lá é lugar para se ouvir música de verdade. E não podia ser de outro modo. Esses lugares, próximos a regiões proibidas, átrio entre-mundos, são os lugares por onde trafegam os heróis. E Hubbard obviamente lá deixou sua marca. Não chega a ser o melhor dos seus trabalhos, mas é uma boa lembrança. Pedreira sonora.


Deixarei os volumes I & II, gravados nos dias 27 e 28 de novembro 1981. Com ele estão Joe Henderson, Hutcherson, Billy Childs, Larry Klein e Steve Houghton.


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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Wilbur Harden & Coltrane

Lá pelas bandas de '58-'59 do século passado, um trompetista e "flueghelhornista" chamado Wilburn Harden gravou bons discos ao lado de um escrete sensacional: John Coltrane, Tommy Flanagan, Doug Watkins e Louis Hayes. Um dos discos é Mainstream 1958, disco vigoroso, com sonoridade que bem representa o título escolhido.

Na contracapa são tecidas algumas considerações, assinadas por H. Alan Stein, sobre a palavra-título que merecem ser lidas e anotadas. Diz-nos o autor que "mainstream é uma palavra que foi bastante explorada no ano passado [57] ... que geralmente é associada ao retorno da "big-voice", do "hard-swinging" - expressão da Era do Swing, acrescida de alguns elementos mais atuais (fim dos anos 50). Curiosamente, o autor destaca que alguns críticos viam nessa linguagem, fruto da costa leste, a influência (negativa) do rock'n'roll. Vê se pode uma coisa dessa. Imagina se o pessoal visse/ouvisse a fusão da década seguinte...

Pois bem, esse disco é supimpa. Wilburn Harden, aqui, só pilota o flueghel - e bem! Não é daqueles instrumentistas que despejam notas aos milhões, ao contrário, ele é até econômico. Mas o seu som é convinvente e merece destaque. São cinco faixas primorosas, nas quais se percebe os primeiros passos de Coltrane em busca daquele som que o caracterizou na década seguinte (desculpem-me os fãs, mas prefiro o Coltrane desse disco), como é o caso de seu solo em Snuffy, que deixarei no podcast Quintal do Jazz.

Sim, tá bom, eis o link para download

domingo, 28 de dezembro de 2008

Chet Baker

A vida não admite evitar emoções. Tarefa besta, fadada ao fracasso. Só morto. Acho. De acordo com o depoimento do morto-vivo do filme p&b que assisti, estar morto dói. Querer não sentir é bobagem galopante, pois. Prossigo.

Lembro-me de como me emocionou a cena dos beijos censurados no final de Cinema Paradiso. Momentos. Momentos de nossa vida que nada têm de efêmero. Lembro-me do beijo adolescente e da doce pergunta que aquela boquinha mais que meiga me dirigiu: "é assim?" Assustei-me: eu não sabia responder. Eu não sabia e me calei.

Os tropeços, aquilo que, segundo consta, deveriam nos fortalecer - entenda-se: enrijecer a alma - de fato, são janelas que se abrem para o oceano que tentamos represar. Eu tentei isso. Tento, ainda. Mas aí vem alguém e faz um belo filme, canta uma bela canção, aquela que eu não quis cantar - Body and soul, But beautiful, Cry me a river - e os diques sossobram.

Agora, por exemplo, estou às voltas com Chet Baker, monocórdio cantor que deveria continuar tocando seu trompete (como aconselhou seu pianista), me esvaindo em turvos pensamentos e eloqüentes emoções. Baker não canta nenhuma das canções citadas, mas canta um monte de outras, também belas.

Eu dedico esse disco às diversas meninas que têm, na hora marcada, me amado. Eu as amo também, de todo coração, naqueles momentos que, creiam, não são efêmeros.

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sábado, 27 de dezembro de 2008

The Jazz Crusaders

Imaginem a cena: um grupo de amigos de tempos escolares (high school), se reúnem e fundam uma banda. Coisa até prosaica, né mesmo? Mas quando os amigos são Joe Sample, Wilton Felder, Wayne Henderson e Stix Hooper a história muda sua coloração.

Esses camaradas formaram o The Jazz Crusaders, grupo com pegada funky de boa cêpa, principalmente em seus primeiros discos. Os membros mais conhecidos pelo povo são o pianista Sample e o trombonista Henderson, que, para mim, são a alma da banda (sem desmerecer o bom trabalho do tenorista Felder e do bom baterista Stix Hooper). Depois de alguns anos o grupo alterou seu groove (lá no link diz o seguinte " makes the change from an acoustic jazz group with soul and blues influences, to an electric bluesy soul band, with jazz influences") e passou a se chamar apenas Crusaders (quando Larry Carlton participa da festa).

Em minhas diárias ciscadas na web, eu encontrei o disco Powerhouse, lançado em 68. É balanço de primeira, da primeira à última faixa. É um disco ainda marcado fortemente pelo jazz, que antecede à reviravolta sonora do grupo (a faixa que anuncia os novos tempos que se aproximavam é Hey, Jude, dos Debítous, na qual Sample usa, segundo consta pela primeira vez, o Rhodes - e que eu até achei bonitinha, mas as outras são bem melhores).

Deixarei no Podcast do Jazz Contemporâneo as faixas Sting ray e Fancy dance.

Para os insaciáveis, eis o link para download

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Mais droga pesada

Alguns chamam de smooth jazz (o jazz da expressão é um elogio), outros chamam de música de elevador ou de consultório médico, outroutros de pop-rock, para muitos é porcaria mesmo. Eu acho, se comparando com Lee Ritenour, o Larry Carlton digerível. Tive um lp gravado ao vivo, no qual ele interpreta, entre outros, All blues e So what de modo agradável.


Achei nas encruzilhadas da web o disco Deep into it, de Carlton. Ali, o que domina é o mela-cueca com pitadas de groove funky/rock. Eu até que curto o timbre da guitarra do camarada. As notas picadas, frases curtas e som aveludado valorizam o disco que, ao fim e ao cabo, vai bem na sala de espera do dentista (fará você se sentir bem ao esburacarem seus dentes). Aos chegados que fizerem download, cuidado com a faixa Don't break my heart - o alto índice de açúcar pode desencadear diabetes (a situação pode piorar se acrescentar a cançãozinha mela-cueca I still believe - inacreditável o que se faz para ganhar uma grana) .


Para os fãs e drogadictos de plantão não deixarei o link. Sei que estou fazendo um bem para vocês. Encaminhem-se ao centro de desintoxicação mais próximo.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dexter Gordon: para espantar o bode Natalino

Craca, meu. Ô, bode arretado, esse tal de Natalino, que eu alimentei nesses "festivos" dois dias. O bicho, gordo, deve render mais uns três anos de análise. O pior é que, hoje, quando eu resolvi abandonar o "ninho" não havia nenhum boteco aberto para me servir de ancoradouro. Volto para casa abatido, desencantado da vida e resolvo brincar na rede. E foi nela que eu achei o meu presente de natal: o Master takes de Dexter Gordon, gravados para a Savoy. Partilharei, pois, com vocês. O disco, obviamente. O bode eu doarei para fazerem uma buchada.


Dexter é um dos saxofonistas que, quando eu crescer, quero tocar como ele. Sopro viril, pero sin perder la ternura, ele pode ser considerado uma das grandes influências para os instrumentistas das gerações seguintes. Em meados dos anos quarenta, Dexter participou de antológicas gravações com aquele fantástico clima bop ao lado de figuras como Sadik Hakin (ainda conhecido como Argonne Thornton), Leo Parker, Fats Navarro, Bud Powell, Tadd Dameron, Art Blakey e mais um monte de gente. São quinze faixas de primeira. Deixarei So easy no podcast Quintal do Jazz e, para os gulosos, deixarei o link para download

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

trilha sonora para o natal


Quando eu era criancinha, costumava assistir filmes de um trio que dominava a cena dos anos cinqüenta: Dean Martin, Frank Sinatra e Sammy Davis, Jr. Esses camaradas eram o sonho de consumo da mulherada e fonte de inveja dos marmanjos. Eles, como de hábito entre os gringos, gravaram o songbook natalino (cheio de melodias melancólicas) , que eu deixarei para vocês chorarem nesse natal.

O link: here

domingo, 21 de dezembro de 2008

Harold Land in New York

Você sabe o que é perder uma amor, meu senhor? Eu acabei de perder um: quarenta gigas de músicas da melhor espécie se foram, levadas por um vírus qualquer sem nome nem endereço, de índole nefasta. Perda irreparável, por ter-me desfeito dos lps originais. Restou-me a tristeza. Aos amigos, a quem recentemente cedi algumas cópias, peço uma segunda via. Por gentileza.

Mandei um desses programas-detetives seguir o rastro do malfeitor e consegui recuperar alguns poucos discos, como é o caso de In New York - Eastward Ho!, de Harold Land, gravado em 1960. Um bom lp desse excelente saxofonista, que, aqui, divide a cena com o trumpetista texano (assim com Land) Kenny Dorham. O êxodo rural levou o saxofonista para a costa oeste e o outro para a costa leste. Permito-me, agora, devanear um pouco: seria a origem texana que torna o sopro de Land mais ríspido que o dos seus confrades da escola cool? Vá lá saber.

Como tudo que eu conheço de Harold Land, esse disco também merece um lugar de destaque na discoteca. A sessão rítmica, é formada por um interessante Amos Trice ao piano, por Clarence Jones ao baixo e por Joe Peters à bateria. O grupo é forte, suportando com louvor a veemência dos sopros de Dorham e de Land. Gosto de todas as cinco faixas. Fica difícil escolher uma para deixar no podcast, mas, em nome da minha tristeza, deixarei uma versão nada melosa da balada Slowly, de David Raksin (mais conhecido por ter composto Laura).

Para os que gostarem, eu encontrei na rede um link para download. Divirtam-se!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Quem não chora não mama

Sim, senhores, é possível ouvir um bom som na Estação Porto, em Vitória. Nós, que tanto sofremos em eventos anteriores (bossa, jazz, pop e outros que acontecem quase que semanalmente nesse esoaço), vimos a luz no fim do túnel ( e não é o trem chegando). Durante essa semana que finaliza aconteceu um festival de Choro, com a curadoria do cavaquinista Henrique Cazes (foto), um dos nomes (se não "o" nome) do choro contemporâneo, homenageando outro grande nome: Joel Nascimento, bandolinista fora de série.



Primeiro ponto a favor dos organizadores: convidaram alguém do ramo para ajudar na programação. Com essa estratégia, conseguiram propiciar um desfile do que há de melhor na cena do choro contemporâneo e permitiram aos nossos chorões partilharem o palco com aqueles que lhes servem de inspiração.



Segundo ponto favor: contrataram um engenheiro de som também de primeira linha: o simpático e bom papo Marcelo Sabóia (41, filho de Ed Lincoln), que mostrou ser possível ouvir música naquele espaço. Ele veio alguns dias antes e solicitou algumas adaptações simples (umas cortinas aqui e acolá, rebaixamento do teto do palco, alteração no posicionamento dos falantes etc e tal), e, constatando o que tinha de equipamento, trouxe alguns microfones para auxiliar na labuta.



Aí entra o ponto negativo: a sonorização continua a mesma. Ruim e obsoleta. Marcelo, muito educadamente, disse que se ele não trouxesse alguns equipamentos (assim como os músicos convidados, que trouxeram seus microfones e que tais) o som não teria o resultado obtido. E foi Marcelo que disse: "Conseguimos provar que é possível fazer um bom som nesse espaço". É certo, acrescento, e isso acontecerá se os responsáveis pelo Porto atentarem para as observações feitas: ajustes na acústica e um bom equipamento. São esses elementos que permitem ao ouvinte reconhecer quem está no palco, que permitem distinguir o profissional do amador, que permitem aos amadores absorverem as informações que os mestres passam em cada palhetada em suas cordas, que permitem ouvir o silêncio, que permitem perceber a dinâmica nas interpretações dos temas, e por aí vai.



Outro ponto negativo (ô, inferno!) é a boa parcela do público que fala pra caramba, maculando a beleza de alguns momentos sutis que nos foram apresentados. Mas isso é um hábito que, espero, com tempo e insistência, será resolvido.



Mas o que interessa mesmo é a iniciativa dos organizadores em buscarem solução para os problemas. Parabenizo-os por isso. E torço para que o nível melhore ainda mais, pois o povo merece, os músicos merecem, todos merecem. E viva a música!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Last of the whorehouse piano players

Num daqueles festivais de música popular dos anos oitenta promovidos pela Globo, eu ouvi um forró forrado cujo refrão, desde então, não me sai da cabeça: "Afufe o fole da sanfona sanfoneiro/ eu sempre quis morar na zona/e o meu dinheiro é feito pra gastar". Sonho de consumo para muitos, morar na zona continua no plano idílico/romântico. A zona que resta é o cruel cotidiano.
Alguns conhecidos (só para disseminar o pecaminoso sentimento de inveja) disseram-me que, lá pelos anos sessenta, curtiram bons momentos como músicos de whorehouses. Eu, não. Já aconteceu de me convidarem para tocar em bordel mas, na época, declinei. Hoje, solteiro, nado livre, iria sem titubear, mas o convite perdeu-se no tempo. Uma pena!

Esse assunto veio-me à cabeça após encontrar na rede um disco que eu achei mais que agradável musicalmente, sem contar os excelentes título e capa: Last of the Whorehouse Piano Players. Os últimos pianistas, no caso, são Ralph Sutton e Jay McShann. Este, que iniciou sua carreira em Kansas City, um dos berços do bom jazz, tem uma mão esquerda de primeira e a direita não fica atrás, brincando com os intervalos (terças e oitavas) com fluência de bopper (vocês devem lembrar-se dele ao lado de Parker). Sutton, née em Missouri, por sua vez, é um filho do stride piano, aquele sonzinho gostoso que a gente ouve em filmes com cenas em antigos bordéis. A sessão rítmica fica aos cuidados de Milton Hinton (baixo) e Gus Johnson (bateria), meninos de boa índole mas que não vacilaram diante do convite para fazer esse disco.

Não deixarei nenhuma faixa, mas sim o disco inteiro (em três partes): Here, There & everywhere

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Disorder at the border

No dia seis do mês de setembro do ano de 1952, Coleman Hawkins levantou-se e, diante do espelho, sorriu com o canto dos lábios. Aquele dia seria o início de uma boa semana. Hawk tocaria jazz. Estava com saudade disso, do clima “ao vivo” que seria retomado, clima marcante em suas gravações dos anos quarenta (os críticos reclamavam de um certo desvio, em suas últimas interpretações, para um clima mais comercial).

Aquela semana seria diferente, afinal ele se reuniria com Roy Eldridge, Howard McGhee (trumpet), Horace Silver (piano), Curly Russell (bass) e Art Blakey & Connie Kay (drums) para reacender a velha chama do jazz. Disorder at the border é o curioso título do lp gravado naquelas sessões (6 a 13/09). Swing, bop e blues são os territórios visitados pela trupe (há também um guitarrista sonegado nos créditos – alguém se habilita a nomeá-lo?), são as raízes expostas nesse bom documento musical. Observem como o sopro de Hawkins está firme, sem tremolos, sem titubeios. Observem como a energia transparece em cada nota. Sim, senhores, vale a pena dedicar um lugar na estante para esse trabalho.

Ouça Rifftide no Podcast Quintal do Jazz

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Lookin' at Monk!


Não me lembro de nenhum apreciador de jazz que tenha afirmado não gostar de Monk. Ele é um exemplo de unanimidade – mesmo entre os músicos. É possível, sim, encontrar intérpretes de sua obra que não façam jus à tarefa. Há também aqueles que dão conta do recado. Hoje eu trouxe dois destes, dois grandes saxofonistas, dois sopros que impõem respeito em qualquer roda: Griffin e Lockjaw Davis.

Lookin’ at Monk, gravado em 1961, é o reconhecimento da genialidade do nosso pirado pianista por seus contemporâneos. Griffin e Davis cumprem o papel de bons intérpretes com o vigor que caracteriza suas vozes. Não se trata de mero cover, obviamente. Isso vocês podem observar também na performance do pianista Junior Mance, que se mantém na sua, sem se preocupar em buscar a pegada monkiana, mas se deixando envolver por sua música intensa. Destaque-se a sessão rítmica com Larry Gales (baixo) e Ben Riley (bateria), que já figurou ao lado de Monk, e, aqui, mantém o groove necessário para honrar seu nome.

O quinteto escolheu peças mais conhecidas de Monk, fato que não incomodou esse ouvinte. Enfim, é um privilégio ouvir Rhythm-a-ning, I mean you, Well you needn’t, Epistrophy, Ruby my dear e ‘Round midnight tocadas como foram por esse belo grupo.
Deixarei uma faixa no podcast Quintal do Jazz.

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domingo, 7 de dezembro de 2008

Barney Kessel - Breakfast at Tiffany's




Vocês assistiram Breakfast at Tiffany's (aka Bonequinha de luxo)? O filme, um clássico de Blake Edward (1961), mostra uma jovenzinha deliciosa e ambiciosa chamada Holly Golightly (Audrey Hepburn) tentando faturar um milionário, mas, por conspiração do destino, ela acaba tropeçando em um escritor que bagunça ainda mais sua cabecinha ôca.


Pois é, Kessel é o responsável pela trilha sonora. A minha impressão é a seguinte: é um daqueles discos que só funciona se você tiver em mente a fonte: o filme. Aí, sim, a coisa toma uma forma especial. O disco fez-me lembrar de Audrey fazendo aquela carinha de menina levada, e isso inflenciou decisivamente na minha avaliação do disco. Eu sossobrei ao encanto da jovenzinha. Se eu não soubesse disso, se eu não vislumbrasse Audrey babando pelos diamantes da Tiffany's, se eu não lembrasse de Audrey naquele vestidinho preto contornando seu corpinho juvenil, eu arremessaria o disco pela janela. Talvez, antes, eu copiasse a faixa The big blow out. Curiosidade: quando eu ouvi a introdução desse tema e o início do breve solo de sax alto veio-me à mente um clássico: The pink panther. Confira no podcast Quintal do Jazz.


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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Lee Ritenour - Stolen moments

Este post só foi postado em nome do, como diz o Salsa, jornalismo verdade. Aliás, devo frisar, foi a pedido do meu citado partner de blog. O músico de quem aqui falarei nunca foi do meu agrado. Nem quando eu jovem era. Trata-se de Lee Ritenour.

O som de "Rit" é pop. A sua fusão funk do início de carreira soa-me como música de elevador. Apesar de a nítida influência de Wes Montgomery em seu modo de tocar, Ritenour desvia-se para um funk pueril que na maioria das vezes me entedia. Essa observação poderá deixar indignado os fãs que foram conquistados através de suas incursões na música popular brasileira (Djavan, Lins, Caetano, Bosco são alguns dos nossos que participaram de seus discos - fizeram um sucesso danado junto à crítica especializada). Eu achei chatinho.

Há dois discos, entre os dez ou doze que escutei, que considero um pouco mais apetecível aos ouvidos mais voltados para o mainstream jazzístico: um dedicado a Wes e outro, que dedicarei mais algumas linhas, chamado Stolen Moments, gravado em 1990.

Nesse último citado disco, Rit, sempre sem deixar sua verve pop, faz uma incursão mais jazzista, ajudado por Ernie Watts e seu tenor metálico, John Patitucci e seu baixo acústico, Harvey Mason e sua bateria (manda umas porradas e tanto no seu instrumento - nos pops anos noventa havia um lance de amplificar excessivamente os tambores - um saco), Alan Broadbent ao piano e Mitch Holder no violão. O repertório soma quatro standards (Stolen moments, Blue and green, Sometime ago e Haunted heart) a quatro temas de sua autoria.

Em Stolen moments (Oliver Nelson), Ritenour deixa Wes assumir o comando (a introdução do tema é todo com aquela peculiar oitava do finado mestre guitarrista). Com essa versão, Ritenour adiou sua estadia no inferno. Wes baixa também explicitamente em 24th Street Blues (aqui, a homenagem inclui o timbre da guitarra e a estrutura da composição de Rit). Essas duas faixas são motivo suficiente para não defenestrar esse disco. Merece uma audição.

Deixarei Stolen Moments e 24th Street Blues no podcast do Jazz Contemporâneo.

Para quem gosta, eis o link para download: here

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Barney Kessel - Some like it hot

Em 1959, Billy Wilder dirigiu Some like it hot, por aqui intitulado Quanto mais quente melhor: uma mais que sexy comédia, com a deusa Marylin Monroe bagunçando a vida de dois músicos (Curtis e Lemmon). Os rapazes testemunham a famosa chacina de mafiosos que aconteceu no dia dos namorados lá dos USA (São Valentim - creio que) e, para escaparem, eles se disfarçam de mulheres e entram em uma banda de belas moçoilas. Qual o perigo maior, gângsters ou Sugar Kane (Marylin)? Sem dúvida, creio que todos gostariam de, em momentos de perigo, esconderem-se sob as saias da musa Marylin.



O filme conta com um atrativo a mais: a trilha sonora. Barney Kessel reuniu um timaço - Art Pepper, Shelly Manne, Joe Gordon, Jimmy Howles, Jack Marshall e Monty Budwig - para fazer um som que fizesse jus a Marylin. E o resultado foi excelente. Swing de primeira. Alegria em cada nota. Vocês poderão curtir o sensacional bate-papo de nossos heróis em Runnin' wild, faixa que justifica a compra do cd. O bom é que o resto todo mantém o nível. Ouçam ali no podcast Quintal do jazz.



Para os duros de plantão eu deixo o link onde vocês poderão encontrar o disco completo para download. Basta clicar.

Real Book - Partituras


Prezados navegantes interessados em tocar jazz,

Eu achei um blog - Oh não!!! Mais um blog sobre jazz! - (link ao lado) que postou diversas partituras de clássicos do jazz com arranjos para várias vozes (sopros). Lá é possível encontrar alguns exemplares de Real book (Eb e Bb) e outros materiais interessantes. Vale a visita.

Para os preguiçosos, deixarei os links para os Real Books Eb e Bb

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Frank Morgan - Love, lost & found

Não sei se vocês repararam, mas aí do lado esquerdo tem alguns links de blogs que costumo visitar. Em alguns deles há uma profusão de links para baixarmos bons discos de jazz e de vários outros estilos. Há, por exemplo, no jazzever, um disco de Frank Morgan bem ao gosto do nosso partner e baladeiro Salsa.

Love, lost and found, de 1995, é uma compilação de standards muito bem interpretada por Morgan. Ao seu lado estão Cedar Walton (piano), Ray Brown (baixo) e Billy Higgins (drums), um time de respeito. A leveza de sentimento em suas interpretações nesse cd não revelam sua dura história: foram três décadas envoltas por drogas e prisão. É um sobrevivente. Sua experiência de vida, graças às musas, não fez sucumbir sua verve musical. Talvez nela tenha encontrado motivo para prosseguir até sua passagem em 12/2007.

Eu acharia melhor, cá com meus ouvidos, se Morgan equilibrasse a dose de açúcar desse disco. Mesmo sendo baladas, seria possível ele deixar seu sax alto mais arisco. Seu sopro está enraizado no campo do bebop, possivelmente usando palhetas pesadas, o que permite a região média do sax brilhar e lançar alguma luz no clima introspectivo peculiar às onze baladas que ele interpreta nesse disco. Achei um bom disco, pois o brilho está lá, mas os andamentos dos arranjos deixam a cena um pouco melosa demais - o que me impediu de curtí-lo da primeira "orelhada".


Vocês poderão ouvir My one and only love e All the things you are no podcast Quintal do Jazz

Caso vocês curtam, eis os links para download: parte 1 e parte 2.